Estudantes de Medicina Veterinária da UniSociesc trabalham educação ambiental e guarda responsável por meio do teatro de fantoches
Alunos do primeiro ano do ensino fundamental de duas escolas municipais de Joinville – a Maria Regina Leal e a Castelo Branco – conheceram a história do papagaio verdadeiro, Orico; do macaco-prego, Caco; e da tartaruga tigre-d’água de orelha amarela, Antonella. Por meio do teatro de fantoches, estudantes de Medicina Veterinária da UniSociesc conscientizam as crianças sobre os perigos do tráfico de animais silvestres.
O projeto “Preservar é Animal” começou a ser desenhado no ano passado e conta com 13 voluntários, que dedicam tempo na produção dos materiais, refinamento das histórias e ensaios, além das apresentações.
O objetivo é trabalhar educação ambiental e guarda responsável de animais de estimação não convencionais com os pequenos.
A cada semestre em torno de 200 crianças são impactadas e a ideia é ampliar o projeto a cada ano. Além do teatro, os professores trabalham o tema em sala de aula para fixar o aprendizado.
“O projeto ajuda a criar uma consciência ambiental nas crianças para que no futuro elas não sejam potenciais compradoras de animais ilegais.
As crianças também são disseminadoras de informações na família e na comunidade.
Com uma linguagem lúdica elas conseguem entender o grave problema do tráfico de animais silvestres”, explica a professora de Medicina Veterinária da UniSociesc e coordenadora do projeto, Andreise Costa Przydzimirski.
Em 40 minutos de apresentação com teatro de fantoches, o projeto é recheado de informações valiosas, que estão em cada detalhe.
“O assunto é delicado e importante. E nós mesmos chegamos a nos emocionar com o enredo e com a reação das crianças”, explica o estudante do 4º semestre de Medicina Veterinária, Lucas Rodrigues, voluntário do projeto.
As histórias de Orico, Caco e Antonella são simples, mas refletem a realidade do tráfico de animais silvestres.
Caco foi retirado da natureza e comercializado num site ilegal. No entanto, o animal estava doente com tuberculose e poderia transmitir a doença para humanos por isso foi levado para uma clínica para tratamento.
Orico foi retirado do ninho e estava sendo vendido na beira de uma rodovia. Somente após uma denúncia ele acaba sendo devolvido à família na natureza.
E Antonella é comprada numa agropecuária, não se adapta ao ambiente da família que a comprou e é abandonada.
Depois de ser atacada por outros animais é resgatada e levada a um local adequado.
No Brasil, o tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilícito do mundo, perdendo apenas para o tráfico de narcóticos e armas.
Com formação voltada ao atendimento de animais silvestres, a professora Andreise ressalta que na região de Joinville os animais que mais sofrem com o tráfico são os pássaros.
São comuns as notícias de apreensões de aves pela polícia civil em parceria com o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
“A venda de animais silvestres pela internet na sua grande maioria é ilegal. Uma pessoa pode adquirir um animal silvestre desde que seja de um criadouro legalizado.
A pessoa também precisa entender que aquele animal irá necessitar de cuidados diferenciados e especiais. Sem contar o risco de zoonoses.
Ter um animal silvestre não é simples em termos de cuidados e mesmo sem saber, você pode estar alimentando o comércio ilegal e o desequilíbrio da natureza”, alerta a professora.