A atendente contou que o adoecimento veio das agressões verbais sofridas pelos consumidores, e que o que mais pesou no seu quadro de pânico foi presenciar uma aprendiz da sede, em Florianópolis, ser ofendida e agredida publicamente por um cliente que estava incomodado com os recorrentes problemas e não aceitava ser atendido pela jovem a quem julgou “incompetente”.
“Eu saia de casa e voltava do trabalho chorando, de medo. E o mais triste de tudo é que antes mesmo do sistema ser implantado nós já falávamos da dificuldade de lidar com o SAP HANNA porque fizemos curso em plataformas digitais, sem as explicações detalhadas e o domínio necessário”.“Em 18 de abril de 2024, antes mesmo da substituição do sistema, os sindicatos conversaram com a Diretoria Comercial, demonstrando preocupação com o atendimento nas lojas, uma vez que os empregados estavam inseguros devido ao pouco treinamento. Depois foram mais duas reuniões e, sem resposta para os problemas que alertávamos que iriam acontecer, procuramos o MPT”, afirma Mário Jorge Maia, Diretor de Saúde e Segurança do Trabalhador do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região (Sinergia).
A partir da denúncia o Procurador do Trabalho Sandro Eduardo Sardá, responsável pelo Inquérito Civil expediu, em agosto de 2024, Recomendação, para que a empresa adotasse providências para proteger a saúde dos atendentes de lojas e minimizar os impactos negativos do novo sistema da CELESC que vem gerando graves inadequações das condições de trabalho.
No dia 11 de fevereiro deste ano, ocorreu a terceira audiência do MPT-SC com diretores da CELESC e dirigentes dos sindicatos da categoria, onde após longos debates, o Procurador Sandro ressaltou a falta de compromisso da empresa com o descumprimento da Recomendação editada em agosto/2024.
Diante da falta de implementação das medidas, o Procurador decidiu pela edição de uma segunda Recomendação, a qual inclusão o presidente da Celesc, no Inquérito Civil, na qualidade de investigado.
“Com estes dados em mãos e após expedir a nova Recomendação o Ministério Público do Trabalho aguarda uma postura mais assertiva da CELESC na adequação das condições de trabalho, caso contrário não restará outra solução, senão o ajuizamento de Ação Civil Pública visando a adequação do meio ambiente de trabalho e a reparação dos graves danos gerados aos empregados da CELESC”, advertiu.
A Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. – Celesc, é uma sociedade de economia mista que atua desde 1955 nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia.
Do total atendido, 264 municípios constam no contrato de concessão da distribuidora (263 em Santa Catarina e 1 no Paraná) e 21 municípios são atendidos a título precário, localizados em áreas de concessões de outras distribuidoras (17 em Santa Catarina e 4 no Paraná).
Em 2023, a Celesc registrou um faturamento bruto operacional recorde de quase R$ 16 bilhões. Nos primeiros nove meses de 2024 e seu faturamento bruto alcançou R$ 12,1 bilhões.