A BNDESPar, braço de participações do BNDES, decidiu renovar apenas uma das três indicações feitas ao conselho de administração da Tupy (TUPY3): a do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho.
Ficaram de fora a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, ambos indicados em 2023.
Os três recebiam salários mensais de R$ 36,1 mil e tiveram seus mandatos encerrados no fim de abril. Segundo a BNDESPar, a substituição segue orientação do controlador e aguarda a definição de novos nomes.
Pressões e críticas
A saída de Lupi ocorre em meio às pressões geradas pelo escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que impulsionaram sua saída do governo.
Apesar de ainda ocupar o cargo de ministro quando os documentos da assembleia da Tupy foram organizados, a sua permanência no conselho já era considerada insustentável.
Tanto Lupi quanto Anielle foram alvos de um processo administrativo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que analisou possível conflito de interesse na atuação como conselheiros da Tupy. O caso, no entanto, foi arquivado.
Ambiente de desconforto
Desde suas nomeações, as presenças de Anielle e Lupi vinham sendo criticadas nos bastidores do mercado e entre acionistas minoritários da empresa, que questionavam a qualificação técnica dos ministros e apontavam caráter político nas indicações.
O desconforto aumentou dentro do colegiado, com atritos entre representantes do governo e membros do mercado.
Aprovações e nova composição
Durante a assembleia geral, os acionistas da Tupy aprovaram, com ampla maioria, as contas e demonstrações financeiras de 2024.
O lucro líquido foi de R$ 79,5 milhões, com destinação para reserva legal e especial de investimentos.
Também foi homologado o pagamento de R$ 190 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP), com base em lucros de exercícios anteriores.
A nova composição do conselho terá nove membros titulares e até cinco suplentes, segundo comunicado enviado à CVM.
A eleição ocorreu por voto múltiplo, a pedido de acionistas com participação superior a 5% do capital social.
Também foram definidos os novos integrantes do Conselho Fiscal e os valores da remuneração anual dos administradores e comitês.
Nova presidência sob questionamentos
Outro ponto de atenção entre os acionistas foi a nomeação de Rafael Lucchesi para a presidência da Tupy, em substituição a Fernando Rizzo, a partir de 1º de maio.
Embora tenha trajetória sólida na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Lucchesi não tem histórico como executivo em grandes empresas, o que gerou insegurança entre investidores, especialmente os minoritários