O que começou como a reclamação de um consumidor sobre um celular defeituoso resultou na descoberta de um esquema milionário de sonegação fiscal em Santa Catarina. A investigação, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas), revelou uma rede criminosa responsável por fraudar cerca de R$ 45 milhões em impostos por meio da venda de celulares em plataformas digitais.
A denúncia partiu de um morador de Maravilha, no Oeste catarinense. Ao tentar trocar o aparelho, ele percebeu divergências entre a nota fiscal e as informações da compra. O registro em um site de reclamações chamou a atenção das autoridades e deu início às apurações.
Como funcionava o esquema
De acordo com o promotor de Justiça Fabiano David Baldissarelli, a investigação identificou que empresas de fachada eram utilizadas por um grupo de contabilistas e empresários para sustentar o esquema fraudulento. No total, 31 pessoas físicas e 38 jurídicas tiveram o patrimônio bloqueado.
As operações revelaram ainda que aproximadamente 105 mil vendas estão sob investigação, a maioria de celulares. Os criminosos usavam marketplaces para comercializar os produtos e emitir notas fiscais falsas, ocultando valores e dissimulando patrimônio.
Bens apreendidos e prisões
Durante a operação, deflagrada na terça-feira (16), foram apreendidos R$ 6 milhões em criptomoedas, 15 veículos e diversos documentos. Também houve bloqueio de bens, incluindo aeronaves e imóveis.
Ao todo, 14 pessoas foram presas e uma segue foragida. Em um dos endereços, a polícia apreendeu munições de calibre restrito e um simulacro de arma de fogo.
Onde ocorreram as ações
As ordens judiciais, expedidas pela Vara Estadual de Organizações Criminosas, foram cumpridas em residências e empresas localizadas em cidades de Santa Catarina (Joinville, Mafra, São João Batista e Campo Erê), Paraná (Apucarana, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Marmeleiro e São Jorge do Oeste), além de Maceió (AL), Limeira (SP) e São Paulo (capital).
Operação “Mercado de Pandora”
A operação recebeu o nome “Mercado de Pandora”, em referência ao mito grego da Caixa de Pandora. Assim como na história, em que o recipiente revelou males ocultos, o mercado virtual aparentemente legítimo acabou expondo um esquema de fraudes fiscais, falsidade ideológica e dissimulação patrimonial.
A investigação segue em andamento sob sigilo de Justiça.