A médica Lenise Fernandes Sampaio, acusada de tentar matar o ex-marido em Jaraguá do Sul, está detida há quase um ano e afirma não ter tido contato com o filho de 8 anos desde sua prisão, em agosto de 2024.
O caso, que gerou grande repercussão no Norte de Santa Catarina, envolve acusações de violência, disputa judicial e versões conflitantes entre os envolvidos.
Segundo Lenise, que atualmente está no Presídio Feminino de Joinville, ela escreve cartas para o filho, mas não as envia com receio de que não cheguem até ele.
A criança está sob a guarda do pai, o empresário e policial militar Wellington da Silva Cruz, vítima do atentado.
A defesa da médica afirma que há uma decisão judicial autorizando videochamadas entre mãe e filho, mas que o pai estaria descumprindo a ordem.
“Faz 10 meses que a Justiça determinou as visitas virtuais, e elas não vêm sendo cumpridas”, declarou o advogado Luiz Otávio Doerlitz.
Por outro lado, Wellington nega as acusações e afirma que tomou a iniciativa de viabilizar os contatos.
A advogada dele, Fernanda Simão, diz que a defesa da médica nunca retornou os contatos feitos por seu escritório.
O CASO
O episódio ocorreu no dia 11 de agosto de 2024.
Segundo as investigações, Lenise teria entrado no flat onde Wellington estava hospedado com o filho, usando uma chave do apartamento.
Imagens mostram a médica circulando pelo prédio antes da chegada do ex-marido.
Pouco tempo depois, vizinhos ouviram disparos.
Um dos tiros atingiu a perna de Wellington, que ficou internado por 20 dias e sofreu a amputação parcial do membro.
A criança presenciou a cena. Lenise alega que agiu em desespero após perder contato com o filho, relatando que ele teria chorado ao telefone antes da ligação ser encerrada pelo pai.
A médica diz ainda ter se escondido em um armário e que os disparos ocorreram durante uma luta corporal.
“Se eu quisesse matá-lo, teria feito. A arma ainda tinha munição”, disse Lenise, reforçando a tese de que agiu por impulso.
RELAÇÃO MARCADA POR ACUSAÇÕES
Lenise e Wellington foram casados por cerca de oito anos e se conheceram em Campo Grande (MS).
A médica alega ter sido vítima de violência física, psicológica e patrimonial durante o relacionamento.
Ela também afirma que o ex-marido chegou a persegui-la após sua mudança para o Ceará em 2021, algo que ele nega.
Wellington, por sua vez, sustenta que as acusações são falsas e utilizadas como estratégia para afastá-lo do filho.
“Ela fez diversos boletins com esse objetivo”, afirmou.
Ele também a acusa de alienação parental e diz ter visto o filho poucas vezes nos últimos anos, sempre mediante decisão judicial.
DEFESA E ACUSAÇÃO
A defesa de Lenise afirma que ela não representa risco à sociedade e pede a substituição da prisão preventiva por medidas alternativas.
Já a Polícia Civil acredita que o crime foi premeditado, com base no fato de a médica ter alugado um imóvel no mesmo prédio em que Wellington estava hospedado com o filho.
Lenise, no entanto, nega a premeditação.
Segundo ela, pegou por acaso uma chave de outro apartamento que estava junto à sua, e só percebeu que era a do ex-marido ao ver o nome dele na etiqueta.
Ainda assim, entrou no local.
A defesa sustenta a tese de legítima defesa e alega que a médica sempre buscou ajuda das autoridades, sem sucesso.
“Ela procurou por justiça, mas foi ignorada. Agiu como única forma de proteger o filho”, disse a advogada Arilenes Linzmeyer.
Enquanto o processo segue, o filho do casal permanece sob a guarda de Wellington, e o caso ainda divide opiniões sobre as reais motivações e responsabilidades do episódio.