Em 1855, quando fazia quatro anos desde a fundação da Colônia Dona Francisca, os imigrantes, predominantemente de origem germânica, fundaram a primeira Sociedade de Tiro.
Eles se preocuparam, inclusive, com o estatuto e registro.
Se passaram 167 anos para que, em 2022, o tiro esportivo ganhasse novo status, o de patrimônio imaterial de Joinville.
O título contempla as 11 entidades filiadas à Associação Joinvilense de Tiro ao Alvo (AJTA) que reúnem cerca de 400 integrantes.
Agora, o tiro esportivo em Joinville ganhará um novo capítulo: a sistematização de informações por meio da produção de acervo fotográfico e audiovisual com o propósito de preservar as memórias relacionadas à prática desse esporte.
A catalogação e a documentação do material serão realizadas com recursos do Fundo Municipal do SIMDEC Joinville, o Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, edição 2022, promovido pela Prefeitura Municipal de Joinville por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult).
A proposta do projeto “Produção de acervo fotográfico e audiovisual de narrativas de memórias relacionadas ao tiro ao alvo esportivo de Joinville” partiu de Daniel Machado, mestre em patrimônio cultural e sociedade, professor titular da Universidade da Região de Joinville (Univille), fotógrafo e coordenador do Núcleo de Estudos em Fotografia e Arte de Joinville, e coordenador cultural da OMUNGA Grife Social.
Já a catalogação contará com a assistência de Eloyse Davet, doutoranda em patrimônio cultural e sociedade também pela Univille; e mestre em patrimônio cultural e sociedade pelo Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade da Univille na linha de patrimônio, memória e linguagens.
Segundo Daniel Machado, como praticante do tiro esportivo percebeu a dificuldade que algumas sociedades tiveram e têm em reunir materiais para inserir no processo, principalmente os relacionados às narrativas de memórias de antigos associados, fossem elas verbais ou visuais.
“Em muitas Sociedades afiliadas a AJTA, não há um acervo adequado de fotografias, tão pouco um acervo memorial audiovisual, com relatos sobre as práticas atuais e antigas”, observa.
O que ocorre na prática, conta, é o registro em fotografias pelos próprios praticantes, que se perdem com o tempo, ou o descarte de registros de acervos familiares.
“Em ambos os casos, o extravio dificulta a preservação das memórias relacionadas a este patrimônio imaterial”, justifica. “Por meio desse projeto, vamos ampliar e organizar os acervos já existentes, contribuindo para o fortalecimento da prática como patrimônio imaterial.”
Como será a execução do projeto – Até setembro deste ano será feitas a pesquisa iconográfica e reproduções nos acervos pessoais dos associados à AJTA, das sociedades filiadas e da própria entidade.
Em paralelo, será feita a pesquisa audiovisual, ou seja, entrevistas com associados da AJTA para coletar relatos de memórias relacionados à prática do tiro ao alvo esportivo.
Essas atividades vão ocorrer em dias de rodada do Torneio Citadino de Tiro ao Alvo Seta na Sociedade Lírica (13/06), Sociedade Cruzeiro (09/08), Sociedade Dona Francisca (21/08) e Recreativa Döhler (12/09).
Posteriormente, as cópias digitalizadas das fotografias e as produzidas nas rodadas do Citadino, bem como as entrevistas, serão catalogadas e disponibilizadas para a Associação Joinvilense de Tiro ao Alvo através de disco virtual.
Ao final da etapa de pesquisa será desenvolvido um site com as informações básicas relacionadas à AJTA e às associações afiliadas.
O conteúdo será complementado com o breve histórico e estruturas organizacionais, páginas dedicadas à apresentação de parte do acervo iconográfico catalogado e dos conteúdos audiovisuais produzidos.