sexta-feira,

24/10/2025

Joinville/SC

MP investiga esteticista após modelo sofrer necrose em procedimento estético

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou uma investigação para apurar possíveis irregularidades em uma clínica de estética de Jaraguá do Sul, no Norte catarinense, após uma modelo relatar ter sofrido necrose na pele depois de um procedimento estético.

A vítima, Karim Kamada, de 51 anos, contou que realizou a intervenção em maio deste ano e, desde então, enfrenta complicações graves, como dores intensas, inflamações, febre alta e celulite infecciosa.

As lesões atingiram a região das coxas e do bumbum, evoluindo para necrose em parte dos tecidos.

De acordo com o MPSC, o caso envolve o uso de canetas pressurizadas, instrumentos que aplicam substâncias sem o uso de agulhas e que só podem ser manuseados por profissionais habilitados e com registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Fiscalização e interdição

A denúncia levou a uma ação da Vigilância Sanitária, que interditou o local após constatar que a profissional atuava sem alvará sanitário, em condições precárias de higiene e sem comprovação de qualificação técnica — apresentando apenas um “certificado incompleto”.

Mesmo após a interdição, novas denúncias indicaram que a esteticista continuava oferecendo atendimentos estéticos e divulgando serviços nas redes sociais.

Uma fiscalização recente confirmou a suspeita, encontrando indícios de que o espaço seguia funcionando irregularmente.

Ação do Ministério Público

A 9ª Promotoria de Justiça da comarca, com atuação nas áreas da saúde e do consumidor, determinou novas diligências para verificar se houve regularização do local e se os equipamentos utilizados estão devidamente registrados.

Também será investigada a cadeia de fornecimento das canetas pressurizadas empregadas nos procedimentos.

A promotora Rafaela Póvoas Cardozo Lehmann, responsável pelo caso, destacou que o objetivo é esclarecer se a atuação da profissional representa risco à saúde pública e viola os direitos dos consumidores.

Situação da vítima

Desde o procedimento, Karim precisou passar por duas cirurgias e segue em tratamento médico com uso contínuo de antibióticos.

A modelo relatou que pagou R$ 880,00 pelo procedimento, que seria um “presente” para si mesma, e que a substância utilizada — de uso externo — teria sido aplicada de forma incorreta.

Ela também afirmou que a esteticista chegou a reconhecer a gravidade da situação e prometeu, verbalmente, reembolsar os custos médicos, o que não aconteceu.

Além do processo conduzido pelo Ministério Público, o caso também é alvo de inquérito policial, que investiga a responsabilidade criminal da profissional.

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