Durante agenda oficial no Espírito Santo nesta sexta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio de que o governo norte-americano pretende aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Lula afirmou que a medida é baseada em informações equivocadas e destacou que, historicamente, é o Brasil quem acumula prejuízos na balança comercial com os EUA.
— Quero dizer com todo respeito ao presidente Trump: o senhor está mal informado. Os EUA não têm déficit comercial com o Brasil, é o Brasil que tem déficit com os EUA. Em 15 anos, acumulamos um déficit de 400 bilhões de dólares com os americanos. Eu que deveria estar cobrando taxa deles — declarou o presidente.
Críticas à defesa de Bolsonaro
O presidente brasileiro também reagiu à carta publicada por Trump na última quarta-feira (9), na qual o ex-presidente norte-americano defendeu Jair Bolsonaro (PL) e criticou as investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-chefe do Executivo brasileiro. Trump classificou o processo como uma “vergonha internacional” e o comparou a uma “caça às bruxas”.
Lula rebateu, questionando a lógica da taxação anunciada:
— Qual a razão dessa taxação? Primeiro, é baseada numa mentira. Segundo, que lógica é essa de dizer “parem de processar o Bolsonaro”? — indagou.
O presidente também ironizou a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que atualmente está nos Estados Unidos. Lula criticou o fato de ele estar atuando em favor do pai no exterior:
— Mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ficar pedindo: “Trump, pelo amor de Deus, solta meu pai, não deixa meu pai ser preso”. É preciso que essa gente crie vergonha na cara — afirmou.
Brasil pode recorrer à OMC e aplicar retaliação
Lula encerrou sua fala reiterando que respeita a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos, mas afirmou que o país não ficará passivo diante de uma possível taxação injusta. Segundo ele, o governo irá recorrer a instâncias internacionais e, se necessário, adotar medidas de reciprocidade.
— Vou tentar brigar em todas as esferas para que essa taxação não aconteça. Vou à OMC, vou conversar com os parceiros do BRICS. Agora, se não tiver jeito no papo, nós vamos responder à altura. Se taxar aqui, vamos taxar lá. Não tem outro caminho — concluiu.