quarta-feira,

21/05/2025

Joinville/SC

Descontos não autorizados no INSS atingem milhares de beneficiários, diz CGU

Foto / Flávio Coruja / Aconteceu em Joinville

Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que a maioria dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desconhecia as entidades responsáveis por descontos de mensalidades não autorizadas em seus benefícios.

O relatório faz parte da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, deflagrada na semana passada para investigar irregularidades em descontos associados. Parte do sigilo judicial da investigação foi suspensa nesta segunda-feira (28), revelando detalhes das apurações.

Entre abril e julho de 2024, a CGU entrevistou 1.273 beneficiários do INSS em todos os estados brasileiros.

Apenas 52 confirmaram vínculo com as entidades que realizavam os descontos, e somente 31 disseram ter autorizado as cobranças.

Em uma segunda amostragem, realizada entre os dias 15 e 19 de abril de 2023 no município de Raposa (MA), a CGU entrevistou 35 beneficiários.

Todos afirmaram não conhecer as entidades envolvidas e negaram ter autorizado qualquer desconto.

Outro documento, divulgado nesta segunda-feira pela Justiça Federal, revelou que o próprio INSS liberou lotes de descontos de mensalidades associativas — prática considerada irregular pela auditoria da CGU.

O relatório estima que, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, os descontos aplicados com base em acordos com 11 entidades investigadas resultaram em uma cobrança média de R$ 39,74 por aposentado, totalizando prejuízo de aproximadamente R$ 45,5 milhões.

Posicionamento

Procurado, o INSS afirmou que não comenta decisões judiciais em andamento.

Em nota, destacou que apenas uma das 11 entidades investigadas firmou acordo com o instituto em 2023 e que os demais descontos “ocorriam em gestões anteriores”.

Suspensão dos descontos

Após a deflagração da operação, o INSS suspendeu todos os descontos associados a essas entidades.

A Advocacia-Geral da União (AGU) criou um grupo de trabalho para buscar a reparação dos valores cobrados indevidamente. 

As entidades sob investigação são:​
  1. Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec)
  2. Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi/FS)
  3. Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB)
  4. Associação de Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen, antiga ABSP)
  5. Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)
  6. Universo Associação de Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo)
  7. União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub)
  8. Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer)
  9. Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (Adpap Prev, antiga Acolher)
  10. ABCB Clube de Benefícios/Amar Brasil
  11. Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS (Caap)
Você não pode copiar o conteúdo desta página
Pular para o conteúdo