Dentista que morreu em cela em SC não havia ingerido álcool, aponta exame

 

O dentista e servidor público Cezar Maurício Ferreira, de 60 anos, encontrado morto no último sábado (19) dentro de uma cela da Central de Polícia de São José, na Grande Florianópolis, não havia consumido bebida alcoólica ou drogas antes de ser detido.

A informação foi confirmada por exame toxicológico realizado a partir de amostras de sangue e urina.

Ferreira foi preso após colidir na traseira de outro veículo e conduzido sob suspeita de embriaguez ao volante.

De acordo com a Polícia Militar, ele não realizou o teste do bafômetro por estar “incomunicável” e apresentava sinais de embriaguez, segundo relato dos policiais. O laudo, no entanto, apontou apenas medicamentos de uso contínuo para tratamento de depressão, problemas cardíacos e diabetes.

Para o advogado da família, Wilson Knoner, Cezar foi vítima de uma abordagem negligente.

“Cezar estava sofrendo um infarto e foi tratado como um criminoso. Ele precisava de socorro, não de uma cela fria e sem atendimento médico”, declarou. “A prova está no laudo. Ele não estava bêbado, ele estava morrendo, e ninguém fez nada.”

Knoner classificou a prisão como arbitrária e informou que irá protocolar, nesta sexta-feira (25), um pedido de afastamento dos policiais envolvidos.

“Não fizeram o bafômetro, presumiram embriaguez e jogaram ele em uma cela. O que aconteceu com a presunção de inocência? O que aconteceu com o dever de preservar vidas?”, questionou.

O caso gerou comoção entre familiares e colegas do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT/SC), onde Ferreira também era servidor. Conforme a Polícia Civil, ele teria recusado alimentação na noite anterior e recebeu apenas um travesseiro e um cobertor. Policiais afirmaram ter verificado a cela durante a madrugada, quando o dentista disse estar bem.

Para a defesa, a versão oficial não se sustenta:

“Se ele estivesse bem, não teria morrido horas depois. Faltou atenção, humanidade e responsabilidade. Cezar morreu sob custódia do Estado, e isso não pode ser tratado com indiferença”, disse o advogado.

Posicionamentos oficiais
Em nota, a Polícia Militar de Santa Catarina afirmou que “não irá se manifestar até que o laudo seja oficialmente liberado pela Polícia Científica” e informou que não foi formalmente comunicada sobre os novos desdobramentos. A Polícia Civil não se pronunciou até o fechamento desta reportagem. 

Fonte Original | Segurança

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