Uma bebê de apenas 8 meses morreu na noite desta quarta-feira (20) no Hospital Universitário Santa Terezinha (HUST), em Joaçaba, no Meio-Oeste de Santa Catarina, após apresentar fraturas múltiplas, lesões pulmonares e sinais de violência repetida. O caso ocorre na mesma semana em que o estado ainda lamenta a morte do menino Moisés Falk Silva, de 4 anos, em Florianópolis, também vítima de espancamento, mesmo após denúncias de maus-tratos ignoradas pelas autoridades.
Atendimento e constatação da violência
A criança foi levada inicialmente à UPA de Herval d’Oeste pela mãe, com febre e dificuldades para respirar. Devido à gravidade, foi transferida para o HUST, onde exames revelaram fraturas antigas e recentes nas costelas, braço e perna, além de suspeita de perfuração no pulmão. Após cirurgia de urgência, a bebê foi internada na UTI, mas não resistiu e morreu por volta das 22h.
O corpo foi recolhido pelo IML, que deve confirmar a sequência e o tempo das agressões.
Investigações e contradições
A mãe apresentou versões contraditórias à Polícia Civil. Primeiro afirmou morar sozinha em Herval d’Oeste, depois admitiu residir em Campos Novos com o companheiro — padrasto da criança, que não foi localizado até o momento.
A jovem chegou a ser detida para depoimento, mas foi liberada. A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Campos Novos conduz a investigação. A delegada Fernanda Gehlen confirmou que o laudo apontou traumas contusos em diferentes estágios de consolidação óssea, evidenciando que as agressões eram recorrentes.
Outro filho foi retirado da família
A bebê não era filha única. O irmão, de 3 anos, foi retirado do convívio familiar e está sob a guarda da avó materna. O Conselho Tutelar acompanha o caso.
Dois casos em menos de uma semana
A morte da bebê em Joaçaba expõe novamente as falhas do sistema de proteção à infância em Santa Catarina. Assim como Moisés, em Florianópolis, ela apresentava sinais claros de violência que não foram identificados ou interrompidos a tempo.
A Polícia Civil pretende ouvir novamente familiares e buscar imagens de câmeras da região. O padrasto é considerado suspeito e pode ter prisão preventiva decretada se não se apresentar.
Santa Catarina enfrenta, em menos de uma semana, duas mortes de crianças que poderiam ter sido evitadas. Dois nomes, duas histórias, mas um mesmo retrato: a infância interrompida pela violência e pela falência da rede de proteção.