Na noite desta segunda-feira (29), uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Joinville reuniu familiares, autoridades e representantes da saúde para debater o atendimento prestado na Maternidade Darcy Vargas, única unidade da cidade que atende gestantes pelo SUS.
O encontro foi motivado pela denúncia de negligência relacionada à morte da bebê Ayanna durante o parto.
Uma faixa com a frase “Justiça por Ayanna” marcou o protesto no plenário.
Os pais da criança, Fernanda Frensch Lopes e Fabiano de Sousa, relataram que a indução para o parto normal, a negativa para realização de cesárea e a demora no procedimento podem ter contribuído para o óbito.
A certidão de morte, até o momento, não aponta causa definida e aguarda exames complementares.
Outros relatos de famílias também foram apresentados.
Um pai afirmou que a demora no diagnóstico de pré-eclâmpsia em sua esposa resultou em complicações graves, o que levou o filho a nascer sem vida e precisar de reanimação.
O diretor-geral da Maternidade Darcy Vargas, Fábio André Correia Magrini, garantiu que todos os casos de morte registrados entre 2024 e 2025 estão sob investigação.
Segundo ele, os óbitos foram notificados ao Ministério da Saúde, à Vigilância Epidemiológica e à Secretaria de Estado da Saúde.
O gestor também afirmou que, se confirmada a responsabilidade de profissionais, poderão ser aplicadas sanções como demissão e impedimento de atuação no serviço público.
Magrini destacou ainda que há um projeto em tramitação na Assembleia Legislativa que pretende assegurar à mãe o direito de escolher a via de parto — normal ou cesariana.
Ele também disse estar em contato com a Polícia Científica para acelerar as perícias relacionadas à morte de Ayanna.
A Comissão de Saúde da Câmara prometeu realizar visitas surpresa à maternidade para acompanhar de perto a situação.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que a unidade vem passando por ampliações e modernizações desde 2023, incluindo a revitalização da emergência obstétrica, a criação do Centro de Indução de Parto Normal e a implantação da Casa da Gestante, Bebê e Puérpera.
A pasta reforçou que os protocolos de atendimento estão sendo revisados e que todos os casos em análise serão apurados com rigor técnico.