Com o início da operação da Biofábrica do Método Wolbachia em Joinville, os agentes da Vigilância Ambiental que farão a soltura dos mosquitos estão sendo treinados por colaboradores do World Mosquito Program (WMP), que explicam sobre o georreferenciamento da área e as técnicas que devem ser adotadas.
Os ovos dos primeiros Wolbitos, mosquitos que possuem a bactéria Wolbachia, eclodiram na quinta-feira (8/8) e agora estão sendo acompanhados até virarem mosquitos prontos para serem soltos.
A previsão é que a primeira soltura ocorra na segunda quinzena deste mês.
Ao todo, 42 agentes de combate a endemias da Vigilância Ambiental da Prefeitura de Joinville estão sendo instruídos por colaboradores do WMP.
Eles operacionalizam as atividades de produção dentro da Biofábrica e também o processo de soltura dos Wolbitos.
Os 14 agentes que trabalharão na soltura dos Wolbitos farão um treinamento prático pelas ruas da cidade.
Os profissionais vão realizar o reconhecimento das áreas, identificação das rotas e o uso das técnicas de georreferenciamento.
As rotas foram previamente definidas e contemplarão, neste primeiro momento, regiões em 17 bairros selecionados, considerando critérios técnicos como número de focos e de casos confirmados.
Os bairros são Aventureiro, Boa Vista, Bom Retiro, Comasa, Costa e Silva, Espinheiros, Fátima, Floresta, Guanabara, Iririú, Itaum, João Costa, Morro do Meio, Paranaguamirim, Petrópolis, Ulysses Guimarães e Vila Nova.
A implementação do Método Wolbachia em Joinville ocorre por meio de uma ação conjunta entre a Prefeitura de Joinville, Fiocruz, World Mosquito Program (WMP), Governo de Santa Catarina e Ministério da Saúde.
O Método Wolbachia
A estratégia do método consiste na introdução da bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti que não tinham essa bactéria.
A Wolbachia está presente em 60% dos insetos da natureza.
Ela pode ser encontrada na mosca da banana e na libélula e não causa danos aos humanos.
Quando a Wolbachia está presente no Aedes aegypti, ela impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dos insetos, contribuindo para redução dessas doenças.
Com a liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais se estabelece, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com a bactéria.
Quando um inseto macho que possui a Wolbachia acasala com uma fêmea que não possui, os ovos não vão eclodir. Já se um macho não portador acasala com uma fêmea que possui Wolbachia, ela põe a quantidade normal de ovos, mas sua prole já nasce portando a bactéria. O mesmo acontece quando dois insetos que possuem Wolbachia acasalam.
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.
Não há qualquer modificação genética no Método Wolbachia do WMP, nem no mosquito nem na Wolbachia.
O método foi desenvolvido na Austrália e, atualmente, está presente em mais de 20 cidades de 14 países. Em Niterói, por exemplo, ele começou a ser implantado em 2015. No ano passado, foi o primeiro município do Brasil a ter 100% do território coberto pela estratégia. De acordo com as informações da Prefeitura de Niterói, houve redução de aproximadamente 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika.