Um canil clandestino em Araquari, no Norte de Santa Catarina, foi alvo de uma operação conjunta da Polícia Civil, Polícia Científica, FUNDEMA e Ministério Público na última sexta-feira (12), após denúncias de maus-tratos.
No local, 12 cães da raça Pit Monster — derivada do pit bull — foram encontrados em condições precárias, incluindo fêmeas exaustas devido a sucessivas gestações e animais mantidos em espaços insuficientes.
Alguns cães apresentavam as orelhas cortadas, prática considerada crime.
Segundo a delegada Tânia Harada, responsável pela fiscalização, a situação das matrizes era alarmante:
“O desgaste das fêmeas após sucessivas crias é evidente, assim como o espaço inadequado e as mutilações”, afirmou nas redes sociais.
A criação de pit bulls e raças derivadas é proibida em Santa Catarina pelo Decreto Estadual nº 1.047/2025 e pela Lei Estadual nº 14.204/2007, que determinam também a castração obrigatória desses animais.
Por isso, a reprodução encontrada configura infração administrativa.
O responsável pelo canil foi autuado e notificado pela FUNDEMA para realizar a castração imediata de todos os animais e doar os filhotes, já que a comercialização é proibida.
A Delegacia de Proteção Animal de Joinville continuará a investigação dos maus-tratos, considerados crime pelo Código Penal.
Denúncias de situações semelhantes podem ser feitas de forma anônima pelo telefone 181 ou pelo WhatsApp da FUNDEMA: (47) 3305-4035.
A Fundação reforça a importância da adoção responsável:
“Quem compra animais financia a exploração de matrizes. Adote, não compre”.
Em paralelo, a Associação Intercontinental de Cinofilia (AIC) questiona no STF a legalidade das normas catarinenses sobre pit bulls, alegando que a criação de regras estaduais sobre a raça invade competências da União e viola princípios como a livre iniciativa.
A entidade pede a suspensão das exigências até o julgamento do caso.
O episódio lembra outro caso grave de canil clandestino em Joinville, onde mais de 220 cães foram resgatados em condições de maus-tratos.
A 21ª Promotoria de Justiça ajuizou ação civil pública exigindo mais de R$ 765 mil em indenizações por danos aos animais e danos morais coletivos, além da proibição de operar atividades com animais por cinco anos.
A operação em Araquari reforça a importância da fiscalização e da denúncia da sociedade no combate à exploração e maus-tratos de animais no estado.