terça-feira,

05/08/2025

Joinville/SC

Lula ao The New York Times: Brasil negociará como nação soberana

A poucos dias da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas pelo governo de Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, que o Brasil não se submeterá a pressões externas e que as negociações comerciais serão conduzidas “como país soberano”.

Durante a conversa com o jornalista Jack Nicas, Lula foi questionado se as críticas que tem feito ao presidente dos EUA podem prejudicar as negociações.

Ele respondeu que não teme retaliações, embora reconheça preocupação com os impactos econômicos, políticos e tecnológicos da medida.

“O Brasil não vai negociar como país pequeno diante de um país grande. Vamos negociar como soberanos. Em relações entre Estados, nenhum deve impor sua vontade. É preciso encontrar um meio-termo. Isso não se faz batendo no peito e prometendo o impossível, nem abaixando a cabeça e dizendo ‘amém’ a tudo o que os EUA querem”, declarou.

O presidente ressaltou que, se as tarifas forem motivadas pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, tanto brasileiros quanto norte-americanos serão prejudicados com o aumento no preço de produtos.

“O Brasil tem Constituição e o ex-presidente está sendo julgado com pleno direito de defesa. Não se pode misturar questões políticas com comerciais”, completou.

Lula frisou ainda que, caso Washington queira discutir comércio, está disposto ao diálogo, mas que não aceitará confundir disputas políticas com negociações comerciais.

Segundo o presidente, mesmo após dez reuniões entre autoridades brasileiras e o Departamento de Comércio dos EUA e o envio de uma carta oficial em maio pedindo uma resposta diplomática, a única resposta veio pelo site de Trump, anunciando as novas tarifas.

“Espero que a civilidade volte às relações Brasil-EUA. Pelo tom da carta, ficou claro que não há interesse em conversar”, disse.

Relação com a China

Questionado sobre como o Brasil reagirá se as tarifas entrarem em vigor, Lula afirmou que o país buscará outros mercados e reafirmou que não aceitará participar de uma Guerra Fria entre EUA e China.

“Temos uma excelente relação comercial com a China. Se os Estados Unidos quiserem uma Guerra Fria, o Brasil não entrará. Vamos vender para quem quiser comprar e pagar melhor”, afirmou.

Nesta segunda-feira (28), o governo chinês declarou estar pronto para trabalhar junto ao Brasil na defesa de um sistema multilateral de comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Pequim também criticou as tarifas americanas contra o Brasil.

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